Anticorpos Neutralizantes SARS-Cov2
A infecção por Sars-CoV-2 induz produção de anticorpos contra diversos epítopos virais, em níveis variáveis de pessoa a pessoa, conforme o tempo decorrido desde a infecção e a gravidade do quadro clínico apresentado, entre outros fatores. Cerca de 90% dos indivíduos desenvolvem anticorpos em até 28 dias após a infecção. Pessoas que têm infecção assintomática ou com sintomas leves, mesmo confirmada por PCR, podem levar mais tempo para soroconverter, ou nem chegar a produzir anticorpos perceptíveis com as técnicas utilizadas.
Os anticorpos neutralizantes, isto é, com capacidade de impedir a progressão da infecção são principalmente aqueles voltados à porção RBD da proteína S (Spike), responsável pela ligação do vírus aos receptores celulares. Por se tratar de uma proteína complexa, podem haver anticorpos contra este antígeno sem atividade neutralizante.
Este teste é composto por uma etapa de triagem por eletroquimioluminescência, altamente sensível e específica para detecção de anticorpos anti-Spike (S= 97% e E=97%). Amostras reagentes nessa etapa são submetidas a um ensaio imunoenzimático comeptitivo que simula a ligação do vírus ao receptor celular (rACE), de modo que confirma a presença de anticorpos neutralizantes no soro analisado quando há evidência de bloqueio dessa ligação. O resultado deste método é expresso em porcentagem, que corresponde à proporção de neutralização que ocorreu com a amostra quando comparada ao controle negativo (sem atividade neutralizante).
Essa estratégia aumenta a especificidade do teste, pois elimina na triagem as amostras que não contêm ac. anti-Spike, mas apresentam resultados limítrofes no teste imunoenzimático, que poderiam ser incorretamente interpretadas como positivas. Nas amostras de validação previamente caracterizadas para a presença de ac. anti-Spike, a concordância de resultados entre os métodos ECLIA e imunoenzimático se aproximou de 100%.